sábado, 16 de dezembro de 2023

ICMS A 18%: VITÓRIA OU DERROTA?

 


Boanerges Cezário*

Muita gente encarou a derrubada da proposta de aumento da alíquota do imposto sobre mercadorias e serviços (ICMS) como uma derrota política histórica para o governo do Rio Grande do Norte.

O que é vitória ou derrota? Aliás, qual a vitória? Qual a derrota? Quem perdeu? Quem ganhou?

A princípio tem que se refletir sobre o que interessaria ao cidadão. Sim, porque para ele vai resultar, em tese, preços menores de mercadorias e serviços. Será que isso vai se concretizar?

Para essa pergunta, não se podem extrair certezas.

Mas não se pode  falar em nome  do povo como se derrotada essa massa estivesse.

Criou-se um debate em torno de possíveis culpados.

Começando pelo governo, por que não houve derrota para o governo ou para o RN? Resposta simples: quem protagonizou a derrubada foram os parlamentares da assembleia legislativa, não foi o  governo.

Mas, também, nada de culpar os parlamentares, afinal foram eleitos pelo povo, que alguns querem dizer que foi apenado com a referida derrubada.

Percebam que, é bom atentar, o voto desse povo faz parte do jogo democrático, que elegeu a bancada que comandou redução do ICMS.

A lógica do mercado evidencia que é melhor arrecadar bem 18% do que 20% mal arrecadado. Hora de ser otimista.

Façamos o seguinte cálculo hipotético: vamos supor que as vendas brutas do comércio e serviço no RN fossem na casa de 1 bilhão, uma alíquota de 20% sobre esse montante seria R$ 200 milhões. Seguindo o raciocínio, caso as vendas e serviços sejam incrementadas com a baixa da alíquota para 18%,  chegando à casa de 2 bilhões, essa alíquota bem arrecadada de 18% seria na ordem de R$ 360 milhões.

Enfim, cabe agora aos consumidores irem às compras e a rede de comércio e serviços apostar na venda em escala, que poderia aumentar muito a arrecadação mesmo com alíquota de incidência sendo 2% menor.

Enfim, cabe aos gestores do RN apenas demonstrarem os impactos, tomando as medidas possíveis para manter em ordem a prestação de serviços e a máquina estatal.

Quanto aos parlamentares, provavelmente votaram de forma responsável amparados por dados que os autorizam a votarem contra a proposta de manutenção da alíquota.

Enfim, não há culpa de ninguém, parlamentares foram eleitos e o voto deles é totalmente acobertado pela massa dos cidadãos que sentirão os impactos da redução na compra de bens ou serviços.

Se foi ou será boa a derrubada da proposta, não é o caso, a democracia tem altos e baixos, fluxos e refluxos.

Se não der certo, pauta-se de novo e vê-se como rever a situação, dentro dos prazos e procedimentos legais permitidos.

O RN entrou numa estrada nova, se der certo melhor.

Como fala Oswaldo Montenegro numa de suas canções, “de algum jeito vai passar”.


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